sábado, 6 de março de 2010

AO CÉU

Raphael Montechiari

Todo dia gastava horas e horas olhando para o céu. O céu azul, lá em cima, às vezes com algumas nuvens dependuradas. Sempre quis saber de que era feito. Madeira, ferro ou porcelana? A tinta azul clara era pintada depois que a superfície havia sido bem polida, independente do material. E como as nuvens ficavam por ali? Agora eu tinha descoberto uma maneira de descobrir tudo isso. Tinha me decidido ir até o céu após ter notado que a montanha mais alta da cidade, a montanha de Lombardo, chegava até ele. Alguns dias as nuvens não eram fortes o suficiente para evitar que a montanha o furasse. Então elas ficavam por ali, cercando o furo para que quem estivesse embaixo não percebesse o acontecido. Mas eu havia percebido e iria tocar o céu e ainda ver o que tinha depois da casca azul.

Já havia criado algumas explicações e a que era mais lógica era a que durante o dia, para o sol poder clarear a Terra, a casca azul era baixada e fechava a escuridão do céu. Isso porque as estrelas sozinhas não davam conta de clarear. À noite, a casca azul era retirada e deixava a escuridão entrar para podermos dormir em paz. Agora era só confirmar se isso era ou não era verdade.
Peguei minha bolsa de couro, coloquei nela um cantil com água, um pedaço de carne de sol que estava esticada na mesa do quintal e duas ou três bananas maduras. Ainda peguei meu canivete, meu caderninho de anotações e uma pequena corda para o caso de alguma travessia arriscada. Vou tocar o céu e se for mesmo uma casca azul, trago um pedaço pra provar a quem duvidar. Além disso, vou escrever meu nome no céu com o meu canivete, como eu faço nas árvores do parque. Quem for tocar o céu verá que eu já estive lá antes. Vou colocar a data também para quando eu crescer mais e for lá de novo, me lembrar de como eu, com apenas doze anos, já era esperto.
Ao ver que eu me encaminhava para a trilha da montanha, um senhor de óculos veio ao meu encontro e me perguntou:

- Olá jovem. Para onde vais? Sabe que esse caminho leva à montanha de Lombardo?
- Sim. Por isso estou seguindo por ele.
- E o que vai fazer lá?
- Vou para o céu? Quero tocá-lo.
- Mas você acha que vai ser tão simples assim?
- E por que não?
- Você soube de alguém que foi lá e conseguiu tocá-lo?
- Não. Perguntei aos meus pais e eles não souberam me dizer de que era feito o céu e nem conheciam ninguém que soubesse. Meu pai acha que é de porcelana e minha mãe jura que é de ferro.Polido.
- Todos especulam mas ninguém sabe ao certo como chegar até lá. Mas eu sei.
- Sabe?
- Sim.Tenho um livro que encontrei ha muito tempo atrás que ensina como chegar até o céu e foi escrito por alguém que já esteve lá.
- E a casca azul é feita de quê?
- Ele não diz.Mas diz como se faz para chegar.
- Mas isso eu já sei. É só ir para o alto da Montanha de Lombardo. Todo mundo sabe disso. Ela está encostando no céu e às vezes até o fura.
- Mas por mais que pareça simples não é.
- Não é só ir subindo a montanha?
- É. Mas você pode ficar aqui e esperar o homem que escreveu o livro.Ele vai nos contar como é o céu e de que ele é feito. E depois irá nos levar para tocar nele.
- Mas eu prefiro ir agora. E se ele não vier?
- Ele virá.
- Eu prefiro ir de uma vez.
- Então não vá pela estrada principal.
- Não?Por quê?
- Porque o jeito mais fácil é cheio de armadilhas e confusões e você pode se perder para sempre ou então cair no Vale do Rio Negro.
- E que vale é esse?
- É onde todos que sobem a montanha e se perdem, acabam indo e nunca mais voltam.
- Mas se eles nunca mais voltaram como sabe que foram para lá?
- Simples. Está escrito no livro que encontrei.
- E qual seria o caminho certo?
- Está vendo a trilha principal?
- Sim.
- Olhe um pouco mais à frente e verás, entre duas árvores um caminho muito estreito e cheio de mato.
- Sim estou vendo.
- É só seguir por ele. Assim você chegará. É muito mais cansativo. Tem pedras escorregadias e espinhos. Mas ainda assim é o melhor caminho.
- Muito obrigado. Eu irei por ele.
- Disponha.
- Quando eu voltar passo aqui para te dar um pedaço do céu.
- Não é preciso. Em breve eu irei para lá também.
- Então está bem. Nos vemos lá.

Durante a subida fui passando por um pequena trilha e, sempre que podia, olhava para cima para ver o quão próximo eu já estava. Peguei meu caderninho de anotações e nele coloquei uma dúvida que havia me visitado naquele instante. Se o céu é o azul que vemos durante o dia e o preto cheio de estrelas que vemos durante a noite, e a terra é a parte que pisamos, como se chama o espaço intermediário entre eles? Anotei a pergunta e em cima da anotação coloquei “pesquisar” e circulei. Fechei o caderno e tomei um gole da água. Esse caderno era onde eu anotava todas as dúvidas que me vinham à mente. Depois tentava achar as respostas. Primeiro perguntava aos meus pais. Quando eles não me davam uma resposta satisfatória eu levava a dúvida ao meu professor. Só que ele não gostava muito quando o perguntava e frequentemente brigava comigo. Dizia que eu estava desviando o assunto da aula. Mas o assunto da aula não me interessava tanto quanto essas coisas mais simples. Ele falava de coisas muito distantes e eu queria saber o que estava acontecendo ao meu redor. Quando ninguém me respondia eu mesmo pensava e criava as respostas ou então fazia uma expedição para descobrir. E essa seria mais uma.

Segui meu caminho e me perdi de novo entre meus pensamentos. Por quê será que tudo tem que ser do jeito mais difícil? Talvez para separar os corajosos dos covardes. Os fortes dos fracos. Mas assim como a terra e o mar, o céu deveria ser para todos. Um azul tão bonito assim não pode ser só para ver. O mar também é bonito de se ver,mas também é muito bom tomar banho nele! Os rios e cachoeiras também. E as árvores e flores?Tão bonitas para se ver, mas podemos pegar frutas nas árvores e cheirar as flores. O que o céu pode ter além da beleza?

Logo na entrada do caminho estreito me arranhei com um espinho e um pouco mais a frente me arranhei outra vez.O mato estava muito alto e em determinadas partes não dava pra seguir o caminho. Os mosquitos também começavam a me picar. Mas sei que quanto mais se sofre para conseguir algo melhor é a recompensa. Quase sempre é assim. Quando eu quis comprar minha bicicleta tive que vender durante muito tempo os doces que minha mãe fazia. Debaixo de sol e chuva eu ia para a porta da igreja e para a praça da cidade vendê-los. Demorei muito tempo para juntar o dinheiro, mas quando comprei a bicicleta foi o melhor dia da minha vida. Eu andei por todas as ruas da cidade, sem faltar nenhuma. E depois voltei no sentido contrário de todas elas, sem faltar nenhuma. Como é bom se ter uma bicicleta! É por isso que eu continuo vendendo doces para poder comprar um dia uma cama macia. Soube que têm camas muito bonitas na cidade vizinha que dá pra eu comprar se eu juntar meu dinheiro. Acho que vai ser o melhor sono da minha vida.
Cheguei a um lugar onde as árvores e matos me deixavam ver novamente o céu. O sol queimava minha pele. Já havia subido um bocado, mas o céu não parecia ter se aproximado um centímetro. Continuava na mesma distância. Talvez eu só iria perceber quando estivesse bem perto. Consegui ver um pedaço da minha vila e essa sim, estava bem distante.Uma insegurança me bateu. Eu segui.

Um pouco mais acima encontrei um casal descendo pela trilha. Assim que me viram, cumprimentaram e paramos para conversar um pouco.
- Olá menino.
- Olá casal. Conseguiram tocar o céu?
- Não fomos tocá-lo. Só queríamos chegar perto de Deus.
- E Deus mora no céu?
- Sim. Depois do azul.
- E como sabem?
- Todos sabem disso.
- Mas alguém sabe de quê é feito o céu?
- De alguma coisa forte. Porque Deus mora lá em cima. São Pedro também.
- Entendi. Por que queriam chegar perto de Deusÿ?Ele não nos ouve se estivermos aqui embaixo?
- Sim. Mas tem muita gente pedindo coisas para ele. O tempo todo. Resolvemos subir. Ele não estava nos ouvindo. Com esse monte de gente falando com ele, todo mundo junto, ninguém consegue mesmo ouvir nada. E como nosso pedido era muito importante e não tínhamos mais tempo, resolvemos subir.
- E conseguiram?
- Chegamos bem perto do céu. Não tinha mais ninguém lá na montanha para fazer pedidos. Então ficamos por duas horas falando, gritando e pulando. Tenho certeza que ele nos viu e por isso vai nos atender.
- E o que foi que vocês pediram?
- É a nossa filhinha. Ela está com três anos de idade e está com uma doença muito grave. Ela vai morrer e o médico da cidade disse que só um milagre poderia curá-la.
- E vocês foram atendidos?
- Tenho certeza que sim. Deus é muito bom e vai nos atender. Não estamos pedindo mesquinharias e nem nada de mal. Só que ele deixe nossa filha com saúde.
- E se ele não responder?
- Ele vai curá-la. Estamos indo para lá e já estamos programando um almoço com os tios e os avós para comemorar. Vou ver se faço um galo assado com batatas.
- Bom, preciso continuar minha subida. Espero que dê tudo certo.
Eles já desciam, ansiosos e gritaram.
- Boa subida para você.
E desceram cantando uma canção, com uma melodia alegre e belíssima. E cantavam em terças perfeitas, como se tivessem ensaiado a vida toda. A letra dizia algo sobre transpor mares e montanhas em nome do amor. A voz do casal foi sumindo e dando lugar ao canto dos pássaros e o som dos ventos nos galhos das árvores. Uma queda d’água ao fundo completava a harmonia daquele momento. Eu não quis desapontá-los, mas quando saí, minha mãe estava no funeral de uma criança que havia acabado de morrer. Seus pais tinham ido tentar conseguir a cura para a menina e tenho certeza que era esse casal.
Mais pra cima encontrei um senhor de chapéu descendo a montanha. Ele parecia desapontado e caminhava com dificuldade. Quando me viu pareceu espantado, mas acenou para mim com as sobrancelhas. A pele dele era vermelha, queimada pelo sol.
- Olá, senhor de chapéu. Conseguiu tocar o céu?
- Não. Não foi pra isso que subi a montanha de Lombardo.
- Não?E mais pra quê serve essa montanha?
- Achei que serviria para eu me tornar o maior de todos.
- Mas pra quê?
- Menino, durante toda minha vida eu sempre fiz de tudo para crescer na vida e ser o maior e o melhor de todos. Nasci numa família muito pobre e nunca me contentei com isso. Assim que me tornei um rapazinho fui trabalhar na venda do senhor Casimiro Torres. Trabalhei duro durante muito tempo e fiz de tudo para tomar o lugar dele. Nessas horas, jovem, vale tudo! Roubar, mentir e armar contra tudo e todos.O fim justifica os meios.
- E conseguiu?
- Sim. Me tornei o dono da venda em dois anos. Mas eu tinha muita gente que ainda era maior que eu. Comecei a trabalhar para tomar a fábrica de tecido que abastecia a venda. Roubei, menti e armei contra tudo e todos.
- E então?
- Me tornei o dono da fábrica de tecidos em onze meses. Passei a desejar o cargo de prefeito. Achei que era o ponto mais alto da hierarquia de nossa sociedade. Roubei, menti, armei e até matei para conseguir.
- E depois de ser prefeito?
- Notei que havia alguém maior que eu. Quase tudo era eu quem decidia. Mas algumas pessoas ainda pediam ajuda aos céus das coisas que eu não podia resolver. Então decidi vir para o alto da montanha de Lombardo para descobrir quem estava por aqui, que era maior que eu. Se o encontrasse faria de tudo para tomar seu lugar e assim todos estariam sob meus pés.
- E por quê está voltando?Não deu certo?
- Fiquei lá por seis anos. Não encontrei ninguém por lá que poderia ser maior que eu. Então passei a receber as pessoas que lá chegavam em busca de Deus. E me apresentei como Ele. Todas falavam comigo e me faziam seus pedidos e agradecimentos. Não era tudo que eu conseguia resolver. Mas o que eu podia eu fazia.Não por bondade, mas para me manter no topo e vê-los se curvando a mim. Foi inesquecível!
- E por quê está descendo?
- Resolvi descer porque os pedidos estavam ficando muito difíceis e eu já não estava conseguindo resolvê-los. Quando eu não sabia como resolver eu os matava e jogava do alto do penhasco. Assim ninguém espalharia que eu, o todo-poderoso, não podia resolver todos os problemas. Mas minha saúde começou a ficar debilitada e cansei dessa vida de deus. Acho que quando vai chegando a idade, você só quer descansar. Pela primeira vez eu desisti e me achei no direito de descansar. Até Deus, depois de seis dias de trabalho descansou! Por que eu, depois de seis anos, não poderia descansar também?
- E você encontrou um casal pelo caminho?
- O casal passou por mim quando eu já havia desistido e quando me perguntaram sobre Deus eu disse que estava lá em cima em algum lugar.
- Mentiu para eles?
- Eles queriam acreditar. Sempre foi isso que todos que foram lá queriam. Acreditar que seriam respondidos. Quando me viam me cobravam uma solução imediata. Mas se não vêm ninguém eles esperam, acreditando que uma hora serão respondidos. Acho que esse Deus invisível é melhor. Sem a resposta eles vivem esperando e esperam, e esperam, e quando não são atendidos se culpam por ter pouca fé e se flagelam, e fazem promessas, e criam as mais absurdas respostas para explicarem o porquê de não terem sido atendidos. E eventualmente conseguem ser respondidos, e contam aos quatro cantos, e pagam promessas, e se flagelam, e fazem mais pedidos. E vivem assim.
- Preciso seguir – eu disse.
- Eu também.

Segui minha subida pensando em como ele havia sido cruel. E a quantos havia enganado. Então é por isso que ninguém voltava de lá da montanha de Lombardo. E por isso o senhor de óculos disse que as pessoas iam para o tal Vale do Rio Negro. Era exatamente onde ele jogava os corpos do penhasco. E quantas pessoas com esperança e com tanta vontade de serem atendidos, por pedidos tão nobres, como o casal que eu havia encontrado, foram mortas por ele? Por sua incompetência de assumir um cargo que não era capaz!

Em menos de dez minutos percebi que mais alguém se aproximava. Era um homem jovem forte, mas com uma expressão de cansaço. Ele se sentou sob uma árvore um pouco mais à frente do caminho e quando passei por ele, me chamou.
- Ei, garoto. Se está procurando por Deus,desista!
- Deus?
- Sim. Vai perder sua viagem. Todo mundo diz que ele está no céu e eu acabei de vir de lá e nem sinal Dele.
- E o que você queria com Ele?
- Vingança. Só isso.
- Vingança?
- Você é surdo?É isso mesmo. Ou tem alguma coisa de errado?
- Mas o que Ele fez pra você?
- Minha esposa. Me casei com a mais bela das moças da vilaî?Nos casamos na igreja. Era setembro e o céu estava lindo.Mas nos casamos na igreja porque todos diziam que teríamos a bênção de Deus. E Ele a levou dois meses depois.
- Que tristeza!
- Mas eu sou muito homem e não tenho medo de ninguém. Assim que a enterramos peguei meu facão e vim pra cá procurar por ele. Durante dois meses fiquei lá em cima, bem no céu, esperando o dia em que a montanha furasse o céu. E todas as vezes que isso acontecia, eu tirava meu facão, passava no chão e o chamava. Jurei que o mataria em menos de cinco minutos. Mas o tempo passou e ninguém apareceu. Foi um covarde. Ele a levou quando eu estava no trabalho e agora nem aparece para me enfrentar.
- Mas o que tem dentro do céu?
- Dentro do céu?Depois que fura?
- É. Depois que fura.
- Sabe o que tem?Outro céu. Lá em cima.
- Outro?
- Sim?As nuvens ficam do seu lado, mas o céu continua lá em cima.
- Então não se pode tocar no céu?
- Acho que não. Não estava lá para isso.
- Então preciso seguir.
- Se encontrá-lo avise que continue se escondendo, porque se eu, por acaso o encontrar vou tirar as tripas dele.
- Na verdade eu acabei de encontrar com Ele.Se correr você o alcança. Ele está de chapéu e é bem velho. Não está caminhando muito bem.
- Então ele desceu pra fugir de mim?
- Sim. Pergunte o que ele fez nos últimos seis anos no alto da montanha de Lombardo e acerte suas contas com ele.

Ele já sumia da minha vista quando terminei essas palavras. Se o senhor de chapéu não foi competente para fazer o bem como Deus, então será para assumir as suas falhas.

Segui minha subida, bem desanimado com a revelação de que havia outro céu depois do primeiro. Mas ao chegar lá no topo da montanha de Lombardo cheguei a brilhante conclusão: se o que eu quero é um pedacinho do céu, quando a montanha furar o primeiro céu, basta eu saltar sobre uma nuvem e pegar um pedaço dele. Não me importa o segundo. As nuvens estão penduradas no primeiro céu.
Aguardei por apenas dois dias e lá estavam as nuvens cercando a montanha. O lugar estava silencioso e as árvores pareciam estar dormindo. Olhei uma pedra bem na pontinha, que era a parte mais alta. Fui pra lá e vi o segundo céu, bem distante acima. Vi que as nuvens estavam agarradas em alguma coisa que eu não podia ver. Talvez o céu fosse transparente. Mas ele estava ali segurando as nuvens. Fui bem para a ponta do penhasco e só vi nuvens abaixo. Saltei tentando tocar o céu. Estiquei bem o braço, mas não toquei em nada e caí. Caí na direção de uma nuvem bem branquinha e cheia de espuma. Deveria ser assim a cama que eu iria comprar. Diziam que era macia como as nuvens. Mas passei por entre as espumas das nuvens e elas passaram por mim. Descobri que não só o céu era uma ilusão, mas também as nuvens. E não podia tocá-las, pois eram falsas. Assim como o céu era falso.Assim como o senhor de chapéu era um deus falso. Assim como a esperança de cura da filhinha do casal era falsa. Assim como o livro que o senhor de óculos acreditava. Fiquei desiludido.

Talvez todos que chegavam até esse ponto se desiludiam. Talvez fosse melhor viver com a ilusão, sem querer tocar em tudo que se vê. Com todos artifícios que se usam para explicar uma resposta não concedida por Deus eles vivem felizes e seguros confiando em alguém poderoso que está olhando por eles. E o senhor de óculos espera com paciência a volta de alguém para explicá-lo sobre todos os segredos. Mesmo que espere por toda a vida, viverá sempre com essa esperança. E o casal vai encontrar a filhinha morta, mas agradecerá a Deus que a levou desse mundo de sofrimentos. Eu poderia ser feliz com a idéia de que o céu era feito de porcelana. E que as nuvens eram macias feitas de espumas. Poderia estar agora andando de bicicleta, se eu tivesse esperado conforme o senhor de óculos me falou.
Passei o resto da minha vida pensando nisso.

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